Relacionamento: Conexão virtual e desconexão do real?

Relacionamento: Conexão virtual e desconexão do real?
18 de dezembro de 2015

Ontem seria uma quinta-feira qualquer se não fossem as explosões de notícias sobre o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp. Na noite anterior, os meios de comunicação relatavam uma determinação judicial suspendendo o aplicativo no Brasil pelo prazo de 48 horas. Por volta do horário do almoço, o aplicativo voltou a funcionar.

No entanto, nesse curto período de tempo, 1,5 milhões de brasileiros migraram para o aplicativo de mensagens Telegram com receio de ficarem sem a conexão com as demais pessoas.

O que aconteceu com o WhatsApp pode ser uma mostra do quanto estamos apegados, ou até mesmo dependentes, da tecnologia.

É inegável que a evolução tecnológica trouxe muitos benefícios para nossa comunicação. Um destaque é a interação mais rápida com as pessoas. Enviar uma carta para algum parente ou amigo distante pode levar dias, semanas… E tem seu custo. Mas basta ligar um computador ou celular conectado à internet para uma pessoa na Austrália se comunicar com outra no Brasil em tempo real e com custo baixo (quando não sem custo).

Além da agilidade de comunicação, o desenvolvimento tecnológico parece ter ajudado na socialização. Para as pessoas tímidas, solitárias ou aquelas que têm alguma dificuldade de interação, os aplicativos trouxeram a possibilidade de ir além de suas barreiras. Isto é, permitiu que essas pessoas se conectassem a outras, expressassem seu ponto de vista e sentimentos.

Porém, há o outro lado da moeda.  Ao mesmo tempo em que estamos interagindo com os outros, nosso comportamento também pode demonstrar que estamos alheios às pessoas. Você já observou que num restaurante ou bar, por exemplo, é comum encontrarmos amigos no celular em vez de conversando entre si? Ou pessoas sozinhas que, pelo desconcerto da situação, recorrem ao celular? Já aconteceu de estar com um amigo e, ao chegar uma notificação no celular, seu ouvinte te ignorar parcialmente ao ler automaticamente a mensagem? Quantas vezes você priorizou as atualizações do Facebook ou mensagens de WhatsApp em detrimento de contato com as pessoas ao seu lado?

Essas situações podem indicar uma indisposição nossa ao contato com outras pessoas, o que pode gerar um afastamento do próximo. E esse afastamento, por sua vez, pode gerar uma desconexão da realidade em que a preocupação com o outro não existe.

Com as redes sociais, nossa vida privada está cada vez mais publicizada. E alguns desses momentos de vida, principalmente quando engraçados, costumam ser amplamente divulgados. Temos aí os famosos memes. O problema é quando essa exposição da vida privada chega com críticas, agressões e julgamentos. Muitas vezes compartilhamos conteúdos sem refletir sobre nosso comportamento. Criticamos e julgamos as pessoas sem olhar para nós mesmos, para nossos erros e, principalmente, sem medirmos as consequências de nossos atos.

Os momentos de quietude e solidão nos trazem a possibilidade de refletirmos sobre nosso dia-a-dia, a postura que adotamos, as chateações e, também, as alegrias. Contudo, como isso pode ser feito se estamos sempre conectados? Como poderemos ter tempo para nos ouvir e ouvir o outro se estamos sempre com o mundo virtual em nossa mente?

A inovação tecnologia não é negativa, mas a forma como lidamos com ela podem ser prejudicial a nós e as pessoas com as quais convivemos. Que tal você refletir sobre a forma como lida com as pessoas ao seu redor, com você e com a tecnologia?

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